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Recife vive onda de queimados depois de disparada no preço do gás de cozinha

Recife vive onda de queimados depois de disparada no preço do gás de cozinha

Os reajustes sucessivos no preço do gás de cozinha têm provocado o aumento de pacientes com queimaduras graves na maior emergência do Nordeste.

No Hospital da Restauração, no Recife, 60% dos queimados se acidentaram nos últimos quatro meses por causa do uso de etanol ou de botijão de gás mais barato comprado em revenda clandestina.

Bena Pereira, 48, estava fritando dois ovos, na casa onde mora com a irmã na periferia de Olinda (PE), no último dia 22 de novembro quando o fogareiro explodiu.

O etanol, comprado no posto do bairro e armazenado em uma garrafa PET, provocou queimaduras de segundo e terceiro graus nos braços, nas pernas e no rosto da dona de casa.

“Estamos desempregadas e não temos Bolsa Família, infelizmente não podemos pagar R$ 90 em um botijão de gás. Só tinha dinheiro para dois pães e dois ovos. Com os R$ 3 que sobraram comprei o álcool”, diz Pereira, que na explosão perdeu mesa de jantar, armário e uma cama.

Desde junho, quando a Petrobras alterou sua política de preços para o combustível, a alta acumulada no preço de venda do produto pelas refinarias soma 67,8%; Na região metropolitana do Recife, o preço do produto varia entre R$ 80 e R$ 95.

“Há dois meses que só cozinho com álcool de posto (de combustível). Quando receber alta como vou fazer para me alimentar? Não quero usar o álcool, então vou ter que pedir comida”, diz ela.

No mês passado, o operador de pá mecânica Roberto Balbino, 62, não tinha R$ 80 para comprar o botijão de gás no caminhão da revendedora que sempre passa em seu bairro, na cidade de Jaboatão dos Guararapes (PE). Para não ficar sem cozinhar, comprou de um vendedor clandestino por R$ 65.

Minutos depois de instalado, o gás começou a vazar. Ao acender a lâmpada seu Roberto e mais seis pessoas de sua família, incluindo quatro crianças, foram queimados na explosão. A filha dele Maria Bethânia da Silva Balbino, 24, e os netos de um e três anos morreram.

“Nunca mais eu compro botijão sem ser na autorizada, estou vivo por milagre”, afirma.

Folha de S.Paulo

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