Opinião: Preconceito raça, classe social e trabalho
O caso do motoboy Mateus, que ganhou destaque no início deste mês de agosto, contém vários traços de preconceito da sociedade brasileira presentes em um único cenário. O jovem foi frontalmente insultado por um homem durante a entrega de produtos em um condomínio da cidade de Indaiatuba, no interior de São Paulo.
O primeiro preconceito presente é o de classe social. O homem ao se dirigir a Mateus diz que ele é morador de favela. O agressor faz isso no sentido de insultar o entregador por subentender que ele moraria em uma comunidade.
O segundo preconceito e o de raça. O homem diz que Mateus tem inveja da cor de pele branca dele. Ele faz isso apontando para o próprio braço. Essa atitude racista é tão escancarada que não é necessário explicação.
O terceiro preconceito é quanto ao trabalho do jovem. O homem ironiza o fato de Mateus ser motoboy, menosprezando a forma de trabalho e o serviço prestado. Ele diz isso como se a função de motoboy fosse de uma classe inferior.
Essas três formas de preconceito são enraizadas no Brasil e somente deixarão de existir quando a sociedade não aceitar essas atitudes como naturais. Nenhuma pessoa pode ser julgada e menosprezada pelo lugar em que mora. Ninguém de desprezo pelo trabalho que possuí. Toda forma de trabalho é digna e merece respeito. Não há possibilidade de aceitar preconceito racial. A cor de pele não define caráter, capacidade, honradez e dignidade.
O episódio envolvendo Mateus sintetiza o que há de mais cruel na sociedade brasileira e infelizmente acontece com muito mais frequência do que possamos imaginar tanto que outro rapaz, também Matheus, passou por situação semelhante do Rio de Janeiro
O Matheus fluminense estava em um shopping para trocar um relógio e foi surpreendido por dois homens que o agrediram. A nota fiscal da compra do aparelho não foi suficiente para provar que não era ladrão e Matheus foi agredido nas escadas do centro de compras. A mãe dele tem certeza que tudo ocorreu devido a cor de pele do filho. Esses casos foram filmados e quantos outros não são?
Novamente, não podemos aceitar esses episódios como normais. É necessário condenar qualquer tipo de preconceito.
Maria Rosângela Lopes
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Vale do Sapucaí, secretária de Relações Públicas da CNTM e integrante da Secretaria para Assuntos Raciais da Força Sindical
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