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Brasileiros com menor renda consomem mais arroz e feijão e menos industrializados

Brasileiros com menor renda consomem mais arroz e feijão e menos industrializados

Pessoas com renda mais baixa consomem mais arroz, feijão, pão francês, farinha de mandioca, milho e peixes frescos do que aqueles com renda mais alta revela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018: Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, divulgada hoje (21) pelo IBGE.

A pesquisa aponta a diminuição geral na frequência de consumo de arroz e feijão pela população nos últimos dez anos. O consumo de feijão variou de 72,8%, em 2008-2009, para 60%, em 2017-2018. Mas de acordo com André Martins, gerente da pesquisa, embora o consumo desses alimentos venha diminuindo, eles ainda são bastante presentes na mesa do brasileiro. “A gente observa que a alimentação ainda é muito baseada na culinária tradicional brasileira, com a presença de arroz, feijão e carne. Isso é muito bom, levando-se em consideração que quase 70% da nossa energia diária média vêm dos alimentos in natura ou minimamente processados. Mas ainda consumimos uma quantidade de legumes, frutas e verduras abaixo do recomendado”, analisa.

Já a maioria das frutas e produtos industrializados teve maior frequência nas classes de rendimento maior.

Embora o consumo de arroz e feijão sejam ainda bastante presentes entre todas as classes sociais, na classe de rendimento mais baixo a quantidade consumida é maior. “Já os produtos industrializados, que têm valor de mercado maior, são mais encontrados nas famílias de rendimento per capita mais alto”, afirma.

Um exemplo é a pizza, com uma expressiva diferença de consumo: 4,6% dos moradores dos domicílios com maior rendimento, no período pesquisado e apenas 1% nos domicílios de renda mais baixa. “Isso acontece porque as pessoas de maior rendimento têm condições de comprar alimentos mais variados. A renda permite que essas pessoas façam opções por esses alimentos, que embora não tenha uma qualidade nutricional muito desejada, custam mais caro”, afirmou André.

A pesquisa também mostrou que consumo de frutas é mais frequente nas famílias de maior rendimento.

Adolescentes consomem mais ultraprocessados que adultos e idosos

A frequência do consumo de frutas, verduras e legumes foi menor entre os adolescentes que entre adultos e idosos. As únicas exceções foram açaí e batata inglesa. Além disso, o consumo de ultraprocessados, como salgadinhos chips, salsicha e refrigerantes, foi maior entre os mais jovens. O Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, desaconselha o consumo desse tipo de alimentos. De acordo com o guia, eles são nutricionalmente desbalanceados e tendem a ser consumidos em excesso.

Outra diferença nos hábitos alimentares entre os grupos de idade foi indicada pela POF: idosos consomem com mais frequência leite, café, chá e sopas e caldos que adolescentes e adultos. A salada crua está mais presente na alimentação de adultos (22,3%) e idosos (21,1%) que na de adolescentes (14,7%).

“As pessoas de 60 anos ou mais têm um consumo maior de frutas do que os adolescentes. E esse grupo etário também tem uma maior participação na energia consumida vinda de produtos in natura e minimamente processados. Já nos adolescentes, essa participação é menor”, explica André. Isso acontece, de acordo com o pesquisador, pelas escolhas alimentares feitas por adolescentes e idosos ao longo do dia.

“Isso se mantém desde a última POF. Os adolescentes consomem menos frutas, legumes e verduras e tem alto consumo de pizza, salgados e outros itens ultraprocessados. Esse é um tipo de alimentação que favorece o aparecimento de obesidade e outras doenças crônicas”, ressalta a médica e consultora da pesquisa, Rosely Sichieri.

Verduras, legumes e frutas estão mais presentes na alimentação de mulheres

Em relação à divisão por sexo, a frequência de consumo de todas as verduras, legumes e frutas foi maior entre as mulheres que entre os homens. A única exceção foi a batata inglesa. As mulheres também apresentaram maior frequência de consumo para biscoitos, bolos, doces, leites e derivados, assim como café e chá.

Além disso, as mulheres também consomem uma maior quantidade da maioria de verduras e frutas, enquanto os homens consomem uma maior quantidade de quase todos os demais alimentos. Já a média diária per capita de consumo de cerveja entre os homens foi mais que o triplo da média feminina (54,5 g/dia contra 16,4 g/dia).

Com informações de Umberlândia Cabral (IBGE)

 

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